Para
além do lugar comum - e verdadeiro- de que todos os governantes
passaram pelas mãos de um professor, é preciso discutir a situação dos
profissionais da educação à luz dos projetos sociais e dos direitos.
Dos
projetos sociais porque são eles que orientam as políticas públicas
para a educação. Assim, se se projeta uma sociedade educada,
igualitária, civilizada, precisar-se-á de um sistema educacional que
forme homens e mulheres com capacidade de pensar autonomamente, de
projetar e elaborar soluções para o avanço social e que consigam
interagir uns com os outros com pleno domínio dos códigos culturais do
seu tempo. Nesse contexto, o profissional da educação tem papel central
no processo educacional que vai requerer do mesmo autonomia pedagógica
para elaboração cotidiana de atividades, com tempo para planejar e
executar projetos.
Dos
direitos porque chegamos ao século XXI tendo conquistado – com sangue e
suor – garantias de livre organização sindical e partidária e
expressão de opiniões e visões de mundo. O direito a uma escola
pública de qualidade também é negado a milhões de estudantes quando a
escola vira objeto de negócios, em muitos casos, grandes negócios.
Em
nosso país, e em particular no Estado do Rio de Janeiro, o que estamos
assistindo é a implementação de políticas públicas para a educação que
são expressão de projeto de sociedade onde uns tem dinheiro para colocar
seus filhos em escolas de excelência particulares- caso do Prefeito do
Rio de Janeiro e tantos outros governantes, enquanto à maioria resta a
escola pública- sucateada, vilipendiada, rasa. O projeto supõe a
formação de poucos para comandar e muitos para serem comandados. Desta
forma, o professor para essa escola pública pode ser mero repassador de
conteúdos mínimos, de forma precária e mal pago.
No
campo dos direitos, assistimos atônitos, a negação da livre associação,
com perseguição ao sindicato e suas lideranças, difamações, repressão,
terrorismo. Criminalizam a greve, as opiniões e vandalizam as ruas
promovendo verdadeiros massacres aos educadores quando estes não abrem
mão da luta em defesa de uma escola pública e da possibilidade dos
nossos jovens poderem sonhar.
Em
tantos outros países sabemos que não é diferente. No México, Chile,
Grécia, Portugal, Espanha, etc. educadores também travam brava luta pela
educação pública. E a resposta combinada dos governos tem sido o
autoritarismo e a truculência.
Será diferente em algum lugar do mundo??? Talvez na Finlândia. Mas aí, é outra história.
*IVANETE CONCEIÇÃO é coordenadora Geral do Sindicato Estadual dos Professores de Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ)
Fonte: http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2013/10/04/5-de-outubro-dia-mundial-do-professor/
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